No começo deste mês, uma diretora de uma escola em santa Luzia resolveu passar aos seus alunos um poema erótico, e, segundo notícias, os forçou a ler em público. As crianças entre 10 e 11 anos levaram aos seus pais o tal poema e estava formado o cenário. O pior de tudo isso é que a autora do poema (que é professora, pesquisadora e doutora em linguística aplicada), teve a sua imagem deturpada por este fato, como se escrever poemas (uma das, se não a mais livres das formas de expressão), fosse um crime hediondo. A autora Ana Elisa Ribeiro agora sofre com insultos, xingamentos e ofensas que, ao contrario de seu poema, são sórdidos, baixos e vergonhosos. Tudo isso é reflexo da sociedade pobre, mesquinha e hipócrita da qual fazemos parte. Não posso ser considerada poeta ou poetiza, mas vamos ao meu poema:
Encontro
Os olhos fazem a vez do atrito
Que aciona o fogo na munição.
Esquentam, deixam bonito,
E com força, direcionam a mão.
Lábios gulosos, boca voraz,
Percorrem os caminhos, sem piedade.
Toda a rigidez se desfaz
Na rigidez de sua vontade.
Sugar, beber, comer, morrer,
Se esvair em líquidos variados...
Vivendo assim, sem perceber
Todos os transes, dos mais transados.
Crucifiquem-me!
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