O ser humano precisa de razões, de sentidos para a sua existência, para a sua permanência e para o seu respirar. Na procura deste sentido ou motivo para continuar vivo, o ser humano cria deuses nos quais possam se espelhar, aos quais possam admirar, idolatrar, seguir e nos quais possam buscar esperanças, algo que seja sagrado para ele. Este deus não precisa necessariamente ser um deus religioso, no sentido comum da palavra, mas pode vestir várias roupagens e assumir vários papéis. Estes deuses são suas paixões.
Muitas pessoas fazem do futebol o seu deus, ou seja, aquilo que lhe dá sentido, forças e esperanças. Outras escolhem a perfeição do trabalho doméstico como fonte de prazer e sentido, passam suas vidas esfregando, limpando e observando a sujeira na casa dos outros. Há pessoas que buscam o seu deus na caridade, no fazer bem ao próximo, abrindo mão de suas próprias vontades. Parece digno e sublime, mas abrir mão de si mesmo nunca me parece bom, mas esse é o deus que traz alegria a essas pessoas. Existem ainda as pessoas que fazem do amor pelo parceiro o seu deus, esquecem tudo para se dedicar a esse sentimento de entrega. Alguns fazem do conhecimento este deus, conhecimento que, ironicamente, acaba por destruir todos os outros deuses.
Precisamos de deuses. Estar ciente disto é importante para que talvez possamos medir todas as coisas com uma régua mais apropriada, e, quem sabe, adorarmos a vários deuses diferentes para que tenhamos inúmeras e diversificadas fontes de felicidade.
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