segunda-feira, 2 de março de 2015

Contando histórias dos velhos tempos - 02 de março

Quando eu tinha uns cinco ou seis anos, morava em Ipatinga no bairro Canaã que era uma espécie de cortiço ou Vila do Chaves. Lembro-me de que alguns vizinhos catavam tanajuras bundudas e comiam suas bundinhas, como se fossem índios. Havia uma senhora que se chamava Lita, ela me fez provar pela primeira vez frango com quiabo, eu me lembro que achei estranho, mas gostei.


Um dia eu estava fazendo uma florzinha de papel para a minha mãe e fui cruzar a sala para pegar alguma coisa e tropecei nas pernas do meu pai, caindo com os dentes da frente na ponta do braço do sofá, que era de madeira. Só me lembro de minha mãe indo para todo o canto comigo, tentando achar ajuda num domingo; alguns anos depois, já no Bairro Ideal, fui caçar subir na pia para pegar água para o meu irmão, algo que nunca tivera a vontade de fazer antes, e quando pulei de volta, caí com os dentões no chão. A essa altura, era pra eu não ter os dois dentes da frente.

Quando nos mudamos para Ouro Preto, vivíamos numa pindaíba violenta, mas inventávamos muita moda. Um dia o pessoal estava organizando um evento para arrecadar alimentos, algo sobre crianças, não me lembro bem. Meu pai e nós fizemos umas musiquinhas, ensaiamos e cantamos no teatro municipal para umas dez pessoas. Quando terminamos, um casal veio nos felicitar, nos sentimos como verdadeiros artistas.

Já na fase adulta e divorciada, fui trabalhar numa biblioteca universitária. Quando a universidade entrava em greve, nós, os contratados, tínhamos que continuar indo trabalhar, mesmo que fosse pra ficar lá dentro conversando uma com a outra pelo MSN, de salas vizinhas, dando risadas escandalosas. Na hora do almoço, fazíamos vaquinha e comprávamos potes de sorvetes, brigávamos pelo copo maior. Um dia a biblioteca estava funcionando parcialmente, na hora de fechar as portas, eu e Maria Cláudia começamos a cantar "We are the champions" escandalosamente, foi quando um estudante remanescente  desceu as escadas e nos pegou com a boca no microfone. A mesma vergonha passou Gisele quando estava cantando "ôooÔ, tá hora de vazar" e a chefe chegou bem na hora, enquanto ela se esgoelava e dobrava as pernas da calça.

Tirando os dentes e as tanajuras, ótimos momentos que fazem a vida valer a pena.

A musiquinha de hoje é da autoria de meu pai, uma das que cantamos no Teatro Municipal. Esta gravação foi no natal de 2014. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Passando o Reveillon fora de casa e terminando o meu blog - 31 de dezembro

Este ano foi realmente um ano decisivo para a minha vida. A ideia do blog surgiu depois de alguns acontecimentos que colocaram um po...