terça-feira, 4 de agosto de 2015

Refletindo sobre a brevidade da vida - 3 de agosto


De repente temos quase 40 e com a chegada destes anos algo se abre em frente aos nossos olhos, e este algo é, finalmente, a certeza de nossa brevidade. Ontem eu sonhava deitada no chão, olhando as estrelas; tudo era possível, a velhice era algo inimaginável, desagradável e que não pertencia a mim, porém, num piscar de olhos, vejo-me tão próxima a ela, que não me sinto ser a mesma de sempre. Tão rapidamente eu gastei, talvez, mais da metade do meu pressumido tempo de existência sobre a terra, e o que fiz com este presente que ganhei e que se chama vida? Vivi todos os segundos ou os desperdicei chorando por algo que não existia? Senti o doce amargo que fazia o canto da boca se arrepiar dos sorvetes de chocolate? Deixei-me levar pelo embaçado pastoso e aconchegante de um cappuccino em uma noite fria? Esqueci de mim mesma e de como o tempo nos engana com a sua velocidade, deleitando-me com o calor preguiçoso e reconfortante dos braços amados, ou impedi a mim mesma de ter o direito de, simplesmente, ir aonde o arrepio estava? Fiquei aprisionada em um labirinto de cacos pontiagudos que cortavam-me e dilaceravam-me a cada pequeno movimento por não confiar em meu esplendor e magnificência, ou renasci das trevas mortais e tornei-me luz? Por onde andei, e o que trouxe de todos os meus caminhos? E o mais importante, o que quero levar para o caminho que me resta? Saberei respirar os perfumes rosados e me deliciar com os ternos e doces beijos de cada segundo vivido, ou continuarei a jogar fora a única coisa que vale a pena, o meu precioso e apressado tempo? Estarei disposta a abrir os lábios e deixar livres as cócegas da minha alegria, ou ficarei nebulosa, ressacada e corcunda? Será que aprendi que os sonhos estão no presente e o momento de ser plena é exatamente agora? Será que estou disposta a amar a mim e aos outros de alma aberta e radar fechado? Será que já sei que o dia de colocar a melhor roupa é hoje? Será que, quase nos 40, eu já aprendi a viver?

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