terça-feira, 20 de outubro de 2015

Falando sobre o radicalismo dos "ismos" - 20 de outubro


O mundo se tornou um lugar insuportável de gente cheia de verdades e de certezas. Essas gentes, cada uma em seu determinado grupo, tem a certeza de que suas informações, opiniões, preferências, achismos, religiões, são a única e absoluta verdade, e o pior de tudo é que muitos estão se baseando no apedrejamento de informações que recebem a cada segundo através dos meios de comunicação, especialmente da internet. São verdades fundadas por preconceitos, conceitos rasos, informações das quais ninguém sabe a origem, e vão se alastrando violentamente pelo universo das ideologias modernas (muitas com base na Idade Média), construindo um cenário caótico onde a argumentação lógica não é mais possível. As pessoas parecem estar retrocedendo em sua maneira de agir e interagir, estão sem a capacidade ou a paciência para realizar reflexões profundas acerca de qualquer fato que seja. A violência da velocidade e a necessidade de conectividade constante está formando um batalhão de zumbis, como nos filmes mais "trash" que já vimos.

Assistimos então a várias lutas travadas por personagens paramentados de acordo com suas ideologias, seja com a camisa vermelha, a do Che, seja o verde e amarelo ou sejam os peitos nus, mas cada um, dentro de sua paramentação, é capaz de agir da mesma maneira que agem os que estão em grupos supostamente opostos. Vejo feministas, que deveriam lutar pela igualdade de direitos, pelo respeito dentro de sua condição de mulher, agredindo a quem não deseja ver peitos nus, aos homens que desejem abrir a porta do carro, e até mesmo a uma colega  que deixa que o namorado pague uma conta; Vejo religiosos pregando o ódio a outro semelhante, condenando-o, em nome daquele que pregou exatamente o contrário, o amor ao próximo. Vejo "Petistas" e "coxinhas" destilando ódio, querendo se espancar; vejo pessoas que foram estudar fora do país através de financiamento do governo serem contra programas assistenciais para a classe menos favorecida; vejo grupos de excluídos que excluem; vejo muitos "ismos", e é isso que o mundo vem se tornando, o mundo dos "ismos" dos "achismos".

O problema do mundo é a certeza que se torna "ismo". Quando possuímos uma certeza, excluímos da legitimidade todas as outras possibilidades, assim segregamos, discriminamos, julgamos e condenamos, porque o outro está na parte errada, temos a certeza em nossas mãos. Quando temos a certeza de que, ao morrer, entraremos em um paraíso, e que cada homem terá sete virgens (eu não sei o que acontece com as mulheres),  não teremos dúvida em explodir uma bomba em nossa cintura. Quando temos a certeza de que um homossexual é um doente pervertido, não teremos dúvida de que ele seja merecedor da morte; Se tivermos a certeza de que a mulher é descendente de Eva, a causadora da desgraça humana, não teremos dúvida de que ela seja um ser inferior, que deva ser submissa e receber os castigos eternos.

O relativismo também não dá conta de tudo. O ser humano precisa de nortes, de orientação, de regras, pois vive em conjunto e precisa viver desta maneira. Quais deveriam ser as regras primordiais para que os seres humanos pudessem viver sem sofrimento, sem dor, em harmonia? Sim, porque supomos que essa seja a maneira ideal de se viver em uma sociedade, com harmonia e sem dor. Para que haja harmonia e o mínimo de dor, é necessário que haja paz e igualdade. Para que haja paz é necessário que respeitemos as pequenas diferenças e individualidades, e para que haja igualdade, é preciso promover condições para que estas pequenas diferenças e individualidades não sejam empecilho para que todos possam ter uma vida digna e plena.

 Para construir uma sociedade plena e harmoniosa, deveríamos focar no bem estar de todos. Não se trata de comunismo, "petralhismo", não se trata de nenhum "ismo", não se trata de nada parecido com o que vivemos até hoje, onde os "ismos" serviram apenas para promover e acentuar a desigualdade. Trata-se de ser humano e inteligente. Trata-se de priorizar uma vida satisfatória e igualitária para todos. Trata-se de ter uma única certeza, a de que todos somos e fazemos parte da mesma coisa e de que um dia, não estaremos mais aqui.




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