sábado, 3 de outubro de 2015

Refletindo sobre relacionamento - 3 de outubro


Relacionamento é um troço muito complicado, tanto que se você parar para analisar todas as possibilidades, é bem provável que saia correndo para as montanhas sem ao menos tentar. É certo que Deus, natureza, universo, força maior, energia cósmica, ou seja lá o que for, criou uma atração entre as pessoas (que sabemos, não só de sexos opostos) capaz de  enfeitiçá-las e uni-las de tal forma que nada ou ninguém é capaz de desgrudá-las, ao menos até um certo tempo; seria isso amor? 

Por estes caminhos da vida, muitos me disseram e até imploraram para que eu deixasse de ser ingênua e parasse de acreditar em "amor", ao menos na concepção em que eu o colocava. Disseram-me que tudo não passava de uma grande bobagem, que não existia este amor puro e exclusivo entre duas pessoas e que tudo o que existe são as necessidades humanas de sexo e de amizade. Disseram-me que a fidelidade não é algo pertencente à raça humana e que todas as pessoas gostam e irão trair, flertar e mentir em suas relações, ao menos uma vez na vida, e que isso o que desejamos (que aconteça exatamente o oposto da decadência da relação), não passa de ingenuidade ou até mesmo de egoísmo. Disseram-me que podemos viver felizes se pudermos apenas preencher a necessidade de sexo e de atenção, o que não vem necessariamente de um parceiro amoroso.

Talvez eu tenha assistido a muitos contos de fadas e a muitos filmes na Sessão da Tarde, e de fato, até pouco tempo em minha vida eu acreditava que as pessoas eram essencialmente boas e que não poderiam estar agindo e mentindo apenas para conseguir alguma vantagem sobre mim, mesmo para debochar em minhas costas. Há algum tempo, eu também acreditava em alma gêmea, amor à primeira vista e em amor eterno. Eu acreditava que o mundo tinha salvação e acreditava em espírito natalino, embora nunca o tenha sentido. Eu acreditava que as pessoas também fossem inocentes. Não acredito mais.

Eu vi a escória. Eu vi a mentira, a falsidade, o veneno das serpentes. Eu vi de perto a podridão da política e a dança dos interesses e dos afetos. Eu vi opiniões mudarem quando o pagamento por elas aumentava. Eu vi pessoas que juravam amor eterno esfaquearem seus "amados" pelas costas e depois beijar-lhes os lábios. Eu vi a humanidade como ela é.

"O horror, o horror... " Eu vi e isso quase destruiu-me.  Eu perdi a fé e a esperança. Quase sucumbi.

Tornei-me acabrunhada e desconfiada. Mas não perdi a fé no amor.

Hoje, em minha vida, não preciso de um homem no sentido material. Não sou rica, mas consigo comprar a minha comida e pagar as contas essenciais. Os meus filhos já estão grandes, não preciso mais de tanta ajuda para criá-los; sei trocar lâmpada, botijão de gás, matar aranha e pregar coisas. Sei usar Durepoxi (embora não preste para nada). Eu sei ir a outros lugares, mesmo totalmente desorientada (quem tem boca vai a Roma). Não preciso de homem para estas coisas, mas preciso de alguém em quem eu possa confiar, com quem eu possa contar. Preciso de alguém que me trate com respeito e com carinho, que me ouça com atenção e que me dê a mão. Preciso de alguém que sinta a minha falta e que me aqueça no frio; preciso de alguém que queira olhar para frente comigo e que queira dividir sua vida. Eu preciso de uma pessoa inteira e aberta para mim, porque eu sou assim, inteira e aberta. 

Disseram-me que isso não existia e que eu deveria me contentar se eu conseguisse uns 70% de tudo isso, e de confiança. Acho que não sei medir este tipo de qualidade. Penso que não existe 70% de confiança. É tudo ou nada.

Para aqueles que se contentam com sexo casual para aliviar as tensões, ou com amizades coloridas, qualquer porcentagem deve bastar. Para aqueles que acreditam que o homem não passa de um animal que mente, trai e engana, qualquer porcaria serve. Para outros que tenham como objetivo vagar pela vida encontrando prazeres efêmeros em cada esquina, se embriagando com todos os tipos de drogas da vida, a superficialidade é ideal. Não para mim.

Eu perdi muita coisa de mim mesma, mas ainda acredito no amor. Eu acredito no amor feito de escolhas conscientes. Eu acredito na relação onde os dois almejam o mesmo tipo de relacionamento, em que estejam dispostos a ouvir, compreender e a serem verdadeiros. Eu acredito no amor que escolhemos e pelo qual estamos dispostos a lutar. Eu acredito no amor onde tudo é claro e verdadeiro. 

Quanto a todas as teorias evolucionistas, machistas, literárias, sociológicas, históricas, estou pouco me lixando. Talvez eu seja mesmo inocente e o mais fácil e correto seria ser apenas um animal procriando e espalhando a raça na face da Terra. Se a felicidade está na superficialidade, serei infeliz. 

Ainda creio e  estou apostando minhas fichas. Espero ganhar e ser o prêmio, não no fim da história, mas todos os dias, porque amor é isso, pequenas vitórias diárias em meio ao temporal. Com ternura e com paixão.


Um comentário:

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