quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Pensando sobre a possibilidade de viver sem Facebook - 2 de dezembro


Eu estou no Facebook desde 2009 e quando penso em tudo o que eu vivi através da rede, penso que os momentos tensos e negativos são a maior parte. O Facebook é um lugar onde nos expressamos e esperamos um feedback da plateia, formada apenas por amigos reais ou por milhares de desconhecidos. Colocamos fotos felizes e aguardamos os comentários das pessoas que também ficam felizes por nos verem felizes, mas a verdade é que poucas pessoas se sentem felizes ao verem os outros felizes; muitos dos comentários são sarcasmos disfarçados, e a maioria das pessoas que veem e que comentam, não comentam nas postagens, mas com outras pessoas que podem nos odiar, nos invejar, ou escarnecer de nossos compartilhamentos, nós nunca saberemos, ou saberemos da pior forma. Compartilhamos as nossas alegrias, mas com quem?

O Facebook é um arquivo ambulante de nossas vidas. Ele é capaz de reconhecer nossos rostos em qualquer foto e lá estão muitas informações que não gostaríamos que ninguém mais soubesse. Aquelas conversas mais íntimas, estão lá. Aquele comentário de mil novecentos e lá vai cacetada, está lá. Se uma rede terrorista (especialmente americana) quiser destruir nossas vidas, basta que tenha acesso aos dados do Facebook. Zuckeberg quer dominar o mundo, mas os zumbis estão viciados demais para se importarem.

Então penso, como sair do Facebook? E todos os contatos, todas as imagens, todos os comentários? E todas as informações que estarei perdendo?

Pois bem, não é nada fácil. Mas, quando penso nas pessoas com quem falo, eu as tenho por outros meios, e nem são tantas. Quando penso nos comentários do passado, nem me lembro deles, nem tampouco os vejo. Quando penso nas fotos, há outras formas de guardá-las. Mas porque eu deveria sair do Facebook?

Lembrando do tempo inútil que eu passei rolando o mouse, eu vejo o quanto a minha vida foi desperdiçada... Overdose de notícias repetitivas, comentários racistas e intolerantes, e algumas poucas publicações que realmente acrescentaram algo. Alguns momentos de falsa alegria com um pequeno sucesso na rede e tudo se apaga novamente... 

Outra coisa que o Facebook nos proporciona é um eterno desassossego, porque aquilo é uma fonte de informações, tanto para os que querem bem, quanto para os stalkers. Antigamente, quando um relacionamento terminava, terminava mesmo, na maioria das vezes. Hoje, a pessoa poderá seguir o amado até o fim da vida, observando todos os seus passos e os das pessoas com quem ele se relaciona. Sem falar no estrago que esses stalkers, ou pessoas sem noção e maldosas podem causar na vida dos outros. Será que vale a pena este eterno desassossego?

Eu não sei. Essa rede  faz parte de nossas vidas, vivemos em um mundo paralelo, possibilitado pela internet. Passamos a maior parte do tempo sentados, com reflexões rasas e superficiais sobre um vasto conhecimento enciclopédico, exaustos sem nada fazer. Deixamos que estranhos entrem nos portões de nossas casas e vejam o que fazemos na sala de estar, deixamos que acompanhem os passos de nossos filhos, e que saibam de nossas fraquezas. Permitimo-nos sofrer o que os famosos sofrem, sem sermos famosos e sem termos os benefícios de ser famoso.

É fácil deixar tudo isso, vale a pena? Eu ainda não sei...Talvez dependa do uso que façamos da ferramenta, da quantidade de informação expomos e com quem decidimos compartilhar nossa intimidade. Estamos preparados para as consequências? O futuro dirá.

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