terça-feira, 25 de agosto de 2015

Refletindo sobre a influência do Facebook nos relacionamentos - 25 de agosto


Hoje não precisamos ser "importantes" para que nossas vidas fiquem registradas na internet, à disposição de todos ou para quem abrirmos nossas atualizações nas redes sociais. Todos os dias postamos fotos de nossas aventuras, falamos sobre as nossas frustrações, indignações, alegrias, compartilhamos coisas engraçadas e comentamos postagens de outras pessoas, comentários e fotos que podem continuar ali para a posteridade. Tudo o que vivemos e o que fizemos é parte de nós, de nossa história, e é por tudo isso que somos o que somos, devido a todo o aprendizado que acumulamos em nossa jornada; fica difícil esconder ou disfarçar algo, pois quase tudo está lá, registrado por nós mesmos ou por alguém relacionado a nós.

Quando terminávamos um relacionamento, tendo este sido bom, ruim, ótimo ou terrível, costumávamos realizar um ritual para exorcizar o passado; rasgar fotos, jogar fora perfumes, lembranças, cartas, tudo aquilo que ficava estrategicamente guardado na caixinha do tesouro, isso fazia parte de um recomeço. É como trazer aquele ar de novidade e esperança que a arrumação da casa faz. Hoje não há muitas coisas para serem rasgadas, há milhões de coisas para serem deletadas, mas sempre haverá uma cópia estratégica em algum lugar do planeta virtual que nos fará voltar para um lugar que não existe mais. As imagens não vem sozinhas, com elas vem comentários melosos, desejos, sonhos, planos, confidências, parabenizações de amigos, e tudo o que não existe mais, ou não deveria existir no presente.

Todos tem direito à sua memória e ao seu passado, mas como administrar este livro ilustrado de nossa intimidade, histórias que não queremos ou não deveríamos mais ficar vivenciando e que ficarão abertas para as novas pessoas que virão fazer parte de nossas vidas, e que menos ainda querem ler este livro? 

A maioria das pessoas se sente incomodada em saber sobre a intimidade do parceiro com outros, imagine ter um livro em mãos com todas as ilustrações e comentários, não é algo fácil de se administrar para os mais ciumentos e inseguros. Eu tenho a opinião, por experiência, de que não é bom sabermos de detalhes dos relacionamentos anteriores de nossos parceiros, pois cedo ou tarde acontecerão comparações, lembranças fora de hora e suposições que poderiam ter sido evitadas se o relacionamento fosse tomado como uma experiência nova e sem parâmetros. Ler sobre antigos relacionamentos e ver as imagens pode ter um efeito pior ainda.

Relacionamentos não deveriam pertencer a todos, é algo íntimo e que quando terminados, deveriam apenas fazer parte das lembranças de quem os viveu, e não de toda a internet. Porém, nossas vidas não pertencem apenas a nós mesmos, e qualquer um pode escrever em seu próprio álbum ou mural uma pagina sobre nós. Precisamos aprender a conviver com este fato, de que nossas vidas não mais nos pertencem integralmente, e nosso passado também não. Talvez, se não fizermos mais parte de nenhuma rede social, possamos guardar o mínimo de privacidade, o que também não impede que outros  publiquem sobre nós sem a nossa participação ou permissão.

Porém, a questão e a decisão é individual, sobre como cada um trata a sua vida atual e passada, como cada um se relaciona com o outro na vida real e como também se relaciona e age virtualmente. 

A internet, o Facebook, aquele site de relacionamentos extraconjugais, são apenas meios; o que cada um faz através deles vai depender de sua ética e moral. O que a pessoa decide publicar, o que ela pretende atingir, o que ela busca, é o que faz diferença em sua vida e na vida dos que se relacionam com ela. Como se relacionar em tempos de internet? Da mesma maneira que você deveria se relacionar na vida real, agindo com os outros exatamente da mesma forma que você gostaria que os outros agissem com você, com respeito e sinceridade.


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